Em Família

Para melhor compreenderem e gerirem as suas emoções, as crianças precisam de oportunidades para:
sentirem e controlarem o seu corpo (tenso, relaxado, quente, frio, lento, agitado, cheio, vazio);
– perceberem o que estão a sentir (“O que se passa? Como te sentes? “Consegues perceber porque é que te sentes assim?”) e para controlarem como estão a sentir ;
 sentirem que as suas emoções são válidas e respeitadas pelos adultos (“É natural sentires-te triste… “Eu percebo que isto te deixe zangada”… “Não há problema de te sentires envergonhada”),
 conversar sobre as emoções (“Estás irritado, não estás? O que é que te deixou irritado?”)
ouvir falar sobre as emoções dos outros (“Eu hoje estou triste, recebi uma notícia que me deixou assim”; “Fico tão feliz quando cozinhamos juntos”), ajudando a compreender a relação entre as causas/situações, as emoções e os sinais corporais associados.
Apesar do ritmo acelerado do dia a dia, é muito importante que as famílias consigam estar juntas para sentirem, pensarem e falarem sobre as emoções. Encontrar um momento para a família conversar sobre as emoções significa apoiar o bem-estar emocional de todos.
Nesta secção encontrarão algumas atividades com o objetivo de incentivar e facilitar momentos familiares de escuta e comunicação sobre as emoções.

Sentir a dançar

1. Cada um dos elementos da família escolhe uma música de que goste;

2. Começam com a música escolhida pelo elemento mais velho: todos ouvem e dançam, passando para a música seguinte até dançaram as músicas de todos os elementos;

3. Deitam-se todos no chão, em silêncio, colocando as mãos no peito e sentindo o batimento do coração, colocando as mãos na barriga e reparando no seu movimento, colocando as mãos na face e sentindo a sua temperatura;

4. Colocando a cabeça em cima da barriga do outro, constroem um dominó humano, procurando colocar um ouvido em contacto com a barriga por forma a escutarem os sons da barriga do outro e a sentirem os seus movimentos e a sua tensão;

5. Após terem conseguido sentir os movimentos corporais uns dos outros, sentam-se a conversar sobre esta experiência. Propostas de conversa:

  • Como sentiram o coração (rápido, lento, irregular)? Bateu sempre da mesma maneira? Ou houve alguma música que o fez bater mais rápido? Ou mais lento? Quando se deitaram, o coração abrandou?
  • E a barriga (Estava dura? Mole? Mexia muito? Pouco? Sempre da mesma maneira)? Como sentimos a barriga quando o outro se deitou? E como sentimos a barriga do outro? O que conseguimos observar? Escutar?
  • E a face? (Alguém ficou muito vermelho? A cara ficou muito quente? Ou estava fria?) Alguém ficou exatamente como estava? Rimos muito? E os olhos? Brilhavam? Como estava a face do outro?
  • Foi estranho? Divertido?
  • Como nos sentimos (alegre? tímido? com medo? divertido?)? – Como fica o meu corpo quando me sinto ….(referir a emoção identificada anteriormente)? (O coração? A barriga? A cara? Como se mexem os meus braços?) Porque me sinto assim (porque estamos juntos, porque gosto muito desta música, porque o mano se zangou, porque tropecei)?  Em que outras situações o meu corpo fica desta maneira? Que outras atividades podemos fazer juntos que nos podem fazer sentir bem?
  • Gostamos de dançar? Quando foi a última vez que dançámos juntos? Que música mais gostámos todos de dançar (fazer votação)? Quando voltaremos a dançar?

6. Cada um faz um desenho sobre este momento e, após todos terminarem, mostram aos outros e explicam o desenho e porque o fizeram daquela forma.

7. Cada um faz uma estátua do momento que mais tenha gostado.

Sentir a brincar

1. Cada elemento da família agarra numa (ou em mais) almofada(s);

2. Ao som de uma música, vão jogar ao Rei Manda, colocando a almofada em diversas partes do corpo e/ou realizando várias ações (atirar a almofada ao ar; sentar-se na almofada; equilibrar a almofada na cabeça, etc.);

3. De seguida, iniciam um combate (a brincar) de almofadas a pares, trocando de par a cada 2 minutos. No final, alargam o combate a todos os elementos. Antes do combate é importante clarificar que é um combate a brincar e explorar com a/s criança/s as regras necessárias (por exemplo, haver uma palavra de segurança, STOP/PÁRA, que implica que todos parem; bater em todas as partes menos na cabeça – procurem que as regras sejam formuladas na positiva);

4. É importante alternar entre quem ganha e quem perde e procurar realizar diferentes movimentos (por exemplo, fugir, baixar-se, esconder-se para não ser atacado; correr atrás, lançar, atirar pelo chão para atacar);

5. Depois de um entusiasmante combate de almofadas (que deve durar algum tempo), deitam-se todos um pouco e prestam atenção ao corpo (aos sons, à tensão, aos movimentos).

6. Depois da escuta inicial, todos colocam as mãos na face para sentirem a sua temperatura; colocam as mãos no peito para melhor sentirem o batimento do coração; colocam as mãos na barriga e/ou no peito para repararem no movimento e na localização da respiração. O elemento mais velho pode sugerir que cada um tente lembrar-se como estava/sentiu o seu corpo antes do combate de almofadas, durante o combate de almofadas e após o combate.

7. Após este momento de escuta, sentam-se calmamente, e dão um abraço longo e demorado.

8. Ainda sentados, todos conversam sobre esta experiência. Propostas:

  • Como sentiram o coração (rápido, lento, irregular)? Bateu sempre da mesma maneira? Estava mais acelerado durante o combate de almofadas ou durante o abraço apertado?
  • Como sentiram que o vosso corpo estava durante o combate de almofadas (tenso, leve, igual, descontraído)? E durante o abraço?
  • E a face? (alguém ficou muito vermelho? A cara ficou muito quente? Ou estava fria?) Alguém ficou exatamente como estava? Rimos muito? Como vimos a cara dos outros?
  • Foi divertido? Foi diferente?
  • Alguém se zangou? Alguém se sentiu quase zangado? Como percebeu isso? Como fica o corpo quando ficamos zangados? E a cara? Em que situações ficamos com a cara e o corpo desta maneira?
  • E quem ficou divertido? Como sentiu isso no seu corpo? Como é o movimento do corpo divertido? Qual a diferença do movimento zangado? Em que situações ficamos com a cara e o corpo desta maneira?
  • Como podemos dizer aos outros que é uma luta a brincar? E como sabemos que é uma luta a sério?
  • O que podemos fazer quando nos sentimos zangados?
  • O que podemos fazer quando percebemos que os outros estão zangados?

[Nesta conversa é importante que os pais

  • Ajudem a identificar os sinais corporais da zanga: testa franzida, sobrancelhas tensas, olhos mais fechados, lábios tensos e fechados, dentes cerrados, cara quente e vermelha, punhos cerrados e braços ligeiramente para cima, tensão no corpo, … (Atenção! Estes sinais variam de pessoa para pessoa e de situação para situação.)
  • Expliquem aos filhos que deverão estar atentos aos seus próprios sinais e aos sinais dos outros para perceberem o que podem fazer numa situação de zanga.
  • Explorem estratégias de regulação da zanga: respirar fundo várias vezes, ir dar uma corrida, dizer aos outros que estamos zangados, pensar noutro assunto ou numa situação/pessoa alegre e calma, procurar o sítio da calma, ir dar uma volta ou ir fazer outra coisa, …
  • Explorem o que se pode fazer quando identificamos zanga no outro: aceitar as emoções do outro, dar espaço ao outro, incentivar o outro a parar para respirar, acalmar e pensar, falar sobre o que aconteceu apenas após o outro estar calmo, oferecer conforto (se o outro aceitar), valorizar o outro por ter conseguido gerir a zanga…]

9. Após a conversa, cada um constrói uma estátua com plasticina e outros materiais (e.g., palitos, clips, massas), ou realiza desenho sobre este momento. Quando terminarem, cada um tenta explicar a estátua do outro e reproduzi-la com o próprio corpo.

Sentir a confiar

Esta atividade requer venda/ lenço, com que se possam tapar os olhos;

1. O elemento mais velho coloca uma venda/lenço nos olhos. Os outros elementos da família vão conduzi-lo pelas diferentes divisões da casa em silêncio. É importante que quem está vendado se mantenha muito atento para no final, ainda com os olhos vendados, descobrir em que divisão está. Repetem a atividade de forma a que todos vendem os olhos e adivinhem em que divisão estão.

2. Repetem o percurso mas na posição de carrinho de mão. Quem estava vendado coloca as mãos no chão e quem conduzia segura as suas pernas (se necessário o carrinho de mão pode ser levado por mais do que um membro da família). Todos fazem de carrinho de mão e todos transportam o carrinho de mão.

3. Depois de um entusiasmante percurso pelas divisões da casa, deitam-se todos um pouco e prestam atenção ao corpo.

4. Depois da observação livre inicial, colocam as mãos na face para sentirem a sua temperatura, as suas tensões, as expressões faciais; de seguida colocam as mãos nos braços procurando perceber a sua rigidez, a presença de dor, de tremores, a temperatura; colocam as mãos na barriga e/ou no peito para repararem no movimento e na localização da respiração. O elemento mais velho pode sugerir que cada um tente lembrar-se como estava/sentiu o seu corpo durante o percurso vendado, durante o percurso em carrinho de mão.

5. Após este momento de escuta, sentam-se calmamente, e todos conversam sobre esta experiência. Propostas:

– Como sentiram o coração (rápido, lento, irregular)? Bateu sempre da mesma maneira? Estava calmo durante o percurso vendado? Ou acelerado? E no percurso em carrinho de mão? Foi diferente quando conduziam ou quando eram o carrinho de mão?

– Sentiram alguma tensão durante o percurso vendado? E durante o percurso em carrinho de mão (tenso, leve, igual, descontraído)? E enquanto conduziam o outro?

– E a face? (alguém ficou muito vermelho? A cara ficou muito quente? Ou estava fria?) Alguém ficou exatamente como estava? Rimos muito? Ficamos com cara de assustados? O que vimos a cara dos outros?

– Alguém teve medo? Alguém se sentiu quase com medo? Como percebeu isso? Como fica o corpo quando ficamos com medo? E a cara? Em que situações ficamos com a cara e o corpo desta maneira?

– Ou sentimos antes alegria e confiança no outro? Como conseguimos transmitir confiança ao outro? Como podemos fazer o outro sentir-se seguro?

– Que outras emoções sentiram? Como fica a cara e o corpo quando sentimos essa emoção? Qual a diferença entre o medo e essa emoção no nosso corpo?

– O que podemos fazer quando nos sentimos com medo? E com raiva?

– O que podemos fazer quando percebemos que os outros estão com medo? E com raiva?

[Nesta conversa é importante que os pais

  • Ajudem a identificar os sinais corporais do medo: testa franzida e tensa, sobrancelhas levantadas, o olhar para baixo, boca entreaberta, postura um pouco curvada, mãos e braços cruzados ou à frente da cara, em modo de proteção, respiração ofegante, … (Atenção! Estes sinais variam de pessoa para pessoa e de situação para situação.)
  • Expliquem aos filhos que devem estar atentos aos seus próprios sinais e aos sinais dos outros para perceberem o que podem fazer numa situação de medo;
  • Explorem estratégias de regulação do medo: aceitar que o medo é uma reação normal do nosso corpo, que nos ajuda a sobreviver, falar sobre os medos com os outros, confiar nos outros, respirar profunda e calmamente, …
  • Explorem o que se pode fazer quando identificamos medo no outro: aceitar as emoções do outro, incentivar o outro a falar sobre os seus medos, partilhar os próprios medos para que o outro não se sinta sozinho, ajudar a enfrentar os medos do outro, procurar soluções para superar o medo, …
  • Reforcem ainda a importância de transmitir confiança e segurança ao outro e de como o podemos fazer. Por exemplo, manter o contacto físico (ex: tocar o outro) e verbal (ex: conversar, verbalizar o que está a acontecer), dar apoio e orientação (ex: dar indicações), escutar ativamente, dar reforço positivo (ex.: estás a ir bem), tentar perceber as necessidades do outro.
  • Reforcem também a importância de aceitar a ajuda do outro. ]

6.  Após a conversa, decidem em família qual/is o/s momento/s que mais gostaram e fazem uma estátua que o/s represente. Tirem uma fotografia com recurso ao temporizador e se possível imprimam e coloquem-na à vista de todos para se lembrarem deste momento de diversão e partilha.

atividades para crianças

OUT to IN

Atividade

01

Jogo de Exercícios

Atividade

02

Relaxação Lúdica

Atividade

03

Simbolização